As autoridades sul-coreanas começaram a liberar, nesta terça-feira (31), os corpos das 179 vítimas de acidente aéreo a seus familiares. Quatro deles já estão com parentes para realizar os funerais. Enquanto isso, os investigadores buscam identificar as causas da explosão do avião da Jeju Air após o pouso de emergência.
O maior acidente aéreo da Coreia do Sul ocorreu no domingo depois que a aeronave aterrissou sem o trem de pouso ativado. O Boeing 737-800 deslizou pela pista do Aeroporto Internacional de Muan, no sudoeste do país, até se chocar contra uma barreira de concreto e explodir em chamas.
Após serem questionadas sobre a legalidade do muro de concreto na pista de pouso, autoridades do país anunciaram nesta terça que irão examinar a regulamentação relativa a essa barreira.
A aeronave tinha 181 pessoas a bordo entre passageiros e tripulantes, sendo duas tailandesas e as demais sul-coreanas. Apenas dois funcionários da companhia aérea sobreviveram. A Coreia do Sul decretou sete dias de luto, com bandeiras a meio mastro.
Dentro do terminal, onde as famílias das vítimas acampam desde domingo (29) aguardando notícias, crescia a indignação pelos atrasos na identificação dos passageiros.
“Das 179 vítimas, os corpos de quatro completaram os procedimentos de entrega às famílias enlutadas para seus funerais”, disse nesta terça o ministro dos Transportes, Park Sang-woo. “Para 28 vítimas cuja identidade foi confirmada e suas autópsias concluídas, autorizaremos o início dos procedimentos fúnebres com o consentimento de suas famílias.”
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O presidente interino da Coreia do Sul, Choi Sang-mok, disse que o acidente foi um “ponto de virada” para o país e pediu uma reforma total na segurança aérea. Ele ordenou que as autoridades realizassem uma inspeção total do sistema aéreo do país e que “abordem imediatamente qualquer melhoria necessária”.
Nesta terça, investigadores no aeroporto de Muan examinavam os destroços da fuselagem e soldados percorriam os campos adjacentes ao terminal enquanto pessoas chegavam para deixar oferendas rituais para as vítimas, incluindo comida e cartas.
“Capitão, primeiro oficial e tripulação, muito obrigado por fazerem o possível para salvar os passageiros. Rezo por sua paz eterna”, lia-se em uma carta deixada na cerca do aeroporto.
Uma única família perdeu nove integrantes, incluindo o passageiro mais velho do avião, que fazia sua primeira viagem ao exterior para celebrar seu aniversário, disse uma emissora local. O passageiro de sobrenome Bae viajava com sua esposa, duas filhas, um genro e quatro netos, um deles com cinco anos de idade.
Toda a família morreu e restou apenas o marido de uma das filhas, que não pôde viajar e sofreu a perda de sua mulher e dos três filhos. “Deveria ter ido com eles e morrido com eles”, teria expressado o homem ao líder de sua comunidade, que esteve no aeroporto de Muan.
Espera-se um relatório mais abrangente do ocorrido quando as autoridades concluírem a análise das caixas-pretas. O Ministério dos Transportes disse que elas foram recuperadas, mas sofreram danos, de modo que não está claro se os dados disponíveis estão intactos o bastante para serem analisados —um processo que deve demorar meses.
A caixa-preta foi levada até a capital, Seul, e será analisada por autoridades sul-coreanas e por uma equipe do governo dos Estados Unidos e da Boeing, fabricante do avião. Regulações internacionais de aviação exigem que o país onde a aeronave foi desenvolvida e construída participe da investigação.
noticia por : UOL