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Cuiaba - MT / 16 de janeiro de 2025 - 5:55

Conheça David Simon, jornalista que se tornou roteirista de 'The Wire'

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Irritado com seus chefes e decepcionado com o jornal no qual trabalhava, David Simon mudou o rumo de sua vida profissional quando pediu demissão do Baltimore Sun e se mudou para a divisão de homicídios da polícia de Baltimore. Como estagiário policial, falava pouco e anotava tudo o que via e ouvia.

De suas observações nasceram as mais de 700 páginas de “Divisão de Homicídios” (trad. Diego Gerlach, Darkside, R$ 149,90, 736 págs.), livro que inspirou a criação da série “Homicídio” e que introduziu Simon, futuro criador do sucesso “The Wire”, ao mundo da televisão.

Para o crítico Mauricio Stycer, a série de cinco temporadas é a obra-prima do jornalista que há muitos anos se mudou da Redação para as salas de roteiro. Além de “The Wire” e “Homicídio”, Simon também está por trás de “The Corner”, “Treme” e “Show Me a Hero”.

Apesar dos sucessos, o autor está desiludido. Como aponta em entrevista ao editor Walter Porto, os canais fechados pararam de bancar produções ousadas, quando viram sua receita ameaçada.

“Estou esperando o próximo que vai ter culhão para fazer o que a HBO fez há 30 anos. Porque ela mesma acabou de enfiar todo seu dinheiro num remake dos livros de ‘Harry Potter’. É o lugar mais seguro onde lançar a bola”, afirma Simon.


Acabou de Chegar

“Sempre repórter – Textos da revista ‘The New Yorker’” (trad. Jayme da Costa Pinto, Carambaia, R$ R$ 149,90, 432 págs.) é uma seleção que a própria Lillian Ross fez de seus melhores trabalhos na mítica revista nova-iorquina. Ross foi a primeira mulher a trabalhar na redação da New Yorker e, como conta a jornalista Sylvia Colombo, “não demorou para galgar espaço”.

“Trilogia dos Gêmeos” (trad. Diego Grando, Dublinense, R$ 69,90, cada), de Ágota Kristóf, narra a separação de dois irmãos que começam no livro inaugural compartilhando uma primeira pessoa do plural e findam a série divididos em duas primeiras pessoas do singular. Toda a história gira em torno de um enigma, um trauma irreparável que nunca é nomeado. Para o crítico Alcir Pécora, “a ficção enigmática é a forma possível dessa verdade impossível de contar”.

“As Planícies” (trad. Caetano W. Galindo, Todavia, R$ 69,90, 112 págs., R$ 49,90, ebook), romance de Gerald Murnane, se sobressai por sua estranheza, como aponta a crítica de Camila von Holdefer. O livro conta a história de um cineasta que chega a um lugar remoto para rodar um filme e, enquanto tenta captar as planícies, acaba capturado por elas. O mesmo acontece com os habitantes do terreno, que acabam definidos pelo espaço que tentam definir.


E mais

“Hospício É Deus” (Companhia das Letras, R$ 99,90, 288 págs., R$ 44,90, ebook), livro reeditado de Maura Lopes Cançado, “é um misto de memórias de sua vida e diário de uma de suas internações num hospital psiquiátrico”, descreve a repórter Carolina Moraes. A obra de 1965 tem sido redescoberta junto com a autora e agora sai em maior escala pela Companhia das Letras. Para Alice Sant’Anna, editora responsável pela publicação, “não dá para falar da Maura sem falar em loucura, mas também não dá para reduzi-la a esse lugar”.

Encomendada há 40 anos pelo próprio biografado, “Frans Krajcberg: A Natureza como Cultura” sairá pelas mãos de um amigo do artista plástico, o escritor João Meirelles. O Painel das Letras conta que os dois conviveram intensamente nos anos 1980 e se reaproximaram no aniversário de 90 anos de Krajcberg, quando a biografia começou a ser produzida de fato.

Em “Amar É Assim” (trad. Sofia Soter, Intrínseca, R$ 59,90, 320 págs., R$ 39,90, ebook), Dolly Alderton escreve sobre Andy, um millennial que sofre por ter sido deixado pela namorada Jen sem entender por quê. Para a crítica Ligia Gonçalves Diniz, o romance é “tão adorável quanto, na vida real, deveria ser um namoro, embora também esquecível como deveria ser um pé na bunda”.


Além dos Livros

Nesta semana, a revista Vulture publicou uma reportagem extensa detalhando acusações de assédio, abuso e coerção sexual contra o escritor Neil Gaiman. Na matéria, algumas das mulheres que se dizem vítimas do autor de “Coraline” descreveram encontros violentos com Gaiman. Para uma delas, ele era chefe, para outra, um ídolo. Depois de meses em silêncio, o autor se pronunciou nesta terça (14) e disse que não é perfeito, mas que nunca se envolveu em atividades sexuais não consensuais com ninguém.

Em 2025, a editora carioca Malê completa dez anos com catálogo estrelado, protagonizado por escritores negros como Conceição Evaristo e Eliana Alves Cruz. O Painel das Letras conta que, após se consolidar como uma casa da literatura negra, a editora redesenha sua proposta para além do recorte racial.

Em “It’s a Long Way”, Márcia Fráguas analisa a trilogia de álbuns de Caetano Veloso que retratam seu tempo em exílio. Como destaca o repórter Leonardo Lichote, a história não é contada apenas pelas letras, mas pelos instrumentais —que a cada disco carregam informações sobre o estado do cantor— e pela língua inglesa, que por um tempo substitui o português do baiano exilado em Londres.

noticia por : UOL

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