MARK MILLEY
Digo lá no começo que ele cumpre o que já havia anunciado: a vingança contra os que considera inimigos. Ele começou a cultivar um ódio mortal pelo general Mark Milley– que foi o Número Um das Forças Armadas dos EUA — ainda no fim do primeiro mandato. Motivo: o então presidente o instigou o militar a desfechar aquilo a que o mundo democrático chama “golpe de Estado”. Sim, queria que Milley desse um jeito de impedir a posse de Joe Biden.
Obviamente não aconteceu. No dia 20 de novembro de 2020, na inauguração de um Museu do Exército, teve de ouvir o soldado exemplar:
“Somos únicos entre os militares. Não fazemos juramento a um rei ou uma rainha, a um tirano ou a um ditador. Não fazemos juramento a um indivíduo. Não fazemos juramento a um país, a uma tribo ou a uma religião. Fazemos um juramento à Constituição. Cada soldado representado neste museu; cada marinheiro, aviador, fuzileiro naval, guarda costeiro, cada um de nós protegerá e defenderá esse documento, independentemente do custo pessoal”.
Milley era tão rigoroso no cumprimento de seu dever que se desculpou com os americanos por ter participado, em junho daquele ano, da caminhada de Trump para encenar uma foto na Igreja Episcopal de São João, perto da Branca, depois de mandar dissolver um protesto contra o racismo e a violência policial que acontecia na área:
“Eu não deveria ter estado lá. Minha presença naquele momento e naquele ambiente criou uma percepção de envolvimento dos militares na política interna”.
Já aposentado, disse que Trump tinha concepções que evidenciavam um “fascista total”. Vai ver o militar queria chocar um desses certificadores de fascismo que andam por aqui…
Pois bem! Antes de deixar o poder, Biden procedeu, pesquisem, a uma espécie de perdão preventivo a Milley poque se dava como certo que Trump tentaria alvejá-lo, e a outros (além de seus próprios familiares), como Anthony Fauci — que comandou a política de combate à Covid nos EUA, contra os desejos de Trump quando na Presidência e depois assessorou Biden. Sim, os EUA tem essas estranhezas de “perdões preventivos”…
Pois é. Trump já mandou retirar a segurança especial que protegia Fauci — e também alguns desafetos republicanos, como John Bolton, seu ex-assessor — e, obviamente, Milley. Nesse segundo caso, a decisão é ainda mais estupefaciente porque se pode imaginar quantos são os “seres das sombras”, do terrorismo aos serviços secretos, que poderiam se interessar pelas informações de que dispõe um ex-número um da maior máquina de guerra do mundo.
noticia por : UOL