Num mundo lógico, apenas quem espera entra em desespero. Com Bolsonaro, subverte-se a lógica. Banido das urnas pela Justiça Eleitoral até 2030, o capitão tenta fazer passar na Câmara uma proposta que passa a sujo a Lei da Ficha Limpo, reduzindo de oito para dois anos a pena da inelegibilidade. Com isso, estaria apto a tentar novamente a sorte do voto na sucessão de 2026.
Articulado por Bolsonaro com sua falange legislativa, o projeto é delirante. Desconsidera o fato de que o inelegível tornou-se um tríplice indiciado. Encrencou-se nos inquéritos sobre a falsificação de cartões de vacina, o desvio de joias e, sobretudo, a tentativa de golpe. Virou uma sentença criminal esperando na fila do Supremo para acontecer. Estima-se que sua pena ultrapassará os 20 anos.
Supondo-se que Bolsonaro seja passado na tranca em 2025, como parece provável, sua inelegibilidade seria esticada para perto do ano da graça de 1960. A novidade cairia sobre a carreira política do “mito” como uma lápide. De uma facção política que prega a anistia antes da condenação esperava-se sempre o pior. Mas a inclusão do desvirtuamento da Lei da Ficha Limpa no caldeirão do despautério é pior do que o esperado.
noticia por : UOL