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Cuiaba - MT / 10 de março de 2025 - 6:22

Ousar para vencer

Vicente Feola estava longe de ser um revolucionário e levou Pelé para ser o mais jovem campeão em Copas do Mundo até hoje, com 17 anos e oito meses, em 1958, na Suécia.

O segundo ainda é Ronaldo Fenômeno, com 17 anos e nove meses, em 1994, nos Estados Unidos, convocado por Carlos Alberto Parreira.

A diferença a rara leitora e o raro leitor sabem: Ronaldo ficou o tempo todo no banco na conquista do tetra e Pelé foi decisivo para a conquista da primeira taça, autor de seis gols nos quatro jogos de que participou.

É sabido também que Ronaldo liderou a conquista do penta oito anos depois da primeira experiência, depois do duro trauma na segunda, na França.

As reminiscências vêm em função da ausência de Endrick da lista de convocados por Dorival Júnior para os difíceis jogos contra Colômbia, no Mané Garrincha, dia 20, e contra os campeões mundiais da Argentina, no Monumental de Núñez, cinco dias depois, pelas Eliminatórias da Copa que Donald Trump preferiria estar marcada apenas para o país que irresponsavelmente o elegeu pela segunda vez.

Os convocados para a seleção são mesmo quase os que tinham de ser, com exceção de Danilo, escolhido para fazer o papel um dia desempenhado por Daniel Alves —zero de comparação de caráter entre eles.

A ausência de Endrick é inexplicável.

Argumentar que ele é reserva de Mbappé no Real Madrid equivale a diminuir Ademir da Guia porque Roberto Rivellino era o titular da seleção na Copa de 1974, na Alemanha.

Joias como Endrick e Estêvão você leva em quaisquer viagens e usa como melhor aprouver, seja como titulares, seja como armas para mudar resultados.

É bem provável que Dorival Júnior deixe Estêvão no banco, porque Raphinha, Rodrygo e Vinicius Júnior (nenhum parentesco com o treinador) estão vivendo ótimo momento e têm casca muito mais grossa que o menino palmeirense, mas não só ele poderá ser usado no segundo tempo como se acontecer uma emergência.

Assim seria também com Endrick, caso acontecessem duas emergências.

“Deus castiga quem o craque fustiga”, ensinou mestre Armando Nogueira e, diz-se aqui, sem coragem você perde a viagem.

Daqui a dez anos, quando Endrick já estiver com a carreira feita e repleta de façanhas, na biografia de Dorival estará que, certa vez, em março de 2025, mais precisamente no dia 6, ele deixou de fora da seleção um dos maiores talentos nascidos no Brasil.

Como Cláudio Coutinho é lembrado por ter excluído Paulo Roberto Falcão da Copa do Mundo de 1978, na Argentina, logo depois eleito Rei de Roma.

Ou como Dunga apanha até hoje porque não levou Neymar e Paulo Henrique Ganso para a África do Sul, em 2010, então dois garotos que poderiam ter salvado a seleção quando o banco brasileiro estava em azul só nas camisas, em débito de opções para tentar reagir.

Endrick joga menos do que poderia no poderoso Real Madrid porque o ataque merengue tem três possíveis números 1 do mundo e é injusto castigá-lo por isso. Entre outros motivos porque quando entra tem dado conta do recado com gols e passes decisivos, artilheiro do time na Copa do Rey, com quatro gols em quatro jogos.

Deixar de entender do que Endrick precisa revela enorme insensibilidade, defeito fatal para quem já ficou fora da rodinha.


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noticia por : UOL

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