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Cuiaba - MT / 19 de março de 2025 - 17:22

O estranho caso do trabalhador que luta para super-rico não ser taxado

Contudo, vale a pena parafrasear o Evangelho de Mateus para lembrar que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um parlamentar super-rico aprovar a taxação de sua classe social. E o que mais temos entre deputados e senadores são pessoas que são desse grupo ou que o representam. Uma coisa é aprovar uma medida que pode levar votos e ajudar na reeleição de congressistas, como a isenção dos R$ 5 mil. A outra é cortar na própria carne.

Além dos congressistas, os super-ricos e sua condição privilegiada são defendidos com unhas e dentes pelos terríveis Guerreiros do Capital Alheio, membros da classe trabalhadora que não se veem como tais e que vão às últimas consequências para defenderem os privilégios dos bilionários e multimilionários.

Eles acreditam que estão fazendo justiça ao defender a injustiça tributária. Projetam-se nos mais ricos e, sonhando um dia chegar lá, desejando que a condição deles seja mantida para, quem sabe, também poderem delas usufruir. Não se importam com as consequências negativas da desigualdade na estrutura social, contanto que sua chance de um em um milhão de fazer parte do topo da pirâmide seja mantida.

Caem no conversê fácil de que, ao taxar ricos acionistas de empresas, o país abre espaço para taxar empreendedores, ignorando que alguém que ganhar três salários mínimos já paga proporcionalmente mais imposto do que alguém que ganha 33. Dizem que ao serem menos taxados, os ricos abrem mais empregos, mesmo que o destino de muito dividendo seja acúmulo e luxo. Compram a ideia de um Estado mínimo e, ao mesmo tempo, demandam melhor educação, saúde, segurança, opções de cultura e lazer e transporte públicos e gratuitos.

Combater a desigualdade não resolve de vez os problemas do país, mas é uma ação fundamental para indicar o tipo de sociedade que gostaríamos de construir: um país que acredita na redução das regras para ricos e pobres como pré-condição para o desenvolvimento coletivo ou um que tem um orgasmo toda vez que um bilionário brasileiro sobe um degrau no ranking de bilionários globais da Forbes.

A desigualdade dificulta que as pessoas vejam a si mesmas e as outras pessoas como iguais e merecedoras da mesma consideração. Leva à percepção de que o poder público existe para servir aos mais abonados e controlar os mais pobres. Ou seja, para usar a polícia e a política a fim de proteger os privilégios do primeiro grupo, usando violência contra o segundo, se necessário for. Com o tempo, a desigualdade leva à descrença nas instituições. O que ajuda a explicar o momento em que vivemos hoje.

noticia por : UOL

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