Para Edson Teles, o pedido é “um momento importante para o país”. No entanto, não pode ser algo isolado. “Precisa ser acompanhado de medidas concretas para a identificação da história de todos os desaparecidos políticos da ditadura, como é o caso de Rubens Paiva”, defende. “Bem como de ações que mudem a realidade brasileira de seguir até os dias atuais produzindo desaparecidos, muitos deles por violência policial ou pela negligência do próprio Estado.”

Paralisado em 2020, trabalho foi retomado no final do ano passado. A identificação das ossadas da Vala de Perus foi interrompida após cortes de verba do governo Jair Bolsonaro (PL). “Após a mudança de governo, foi preciso aguardar um ano e meio para a retomada do financiamento, que só ocorreu em setembro de 2024”, conta Edson Teles.
A paralisação do financiamento prejudicou o trabalho e ampliou a angústia dos familiares. “A sensação de perda da esperança aumentou muito nesse período”, afirmou Teles. Muitos parentes envelheceram e morreram sem respostas sobre seus familiares.
Mesmo sem recursos, a equipe conseguiu finalizar a primeira fase de análise. Nela foram identificadas as ossadas de 951 indivíduos e enviadas as amostras deles ao laboratório holandês ICMP (International Commission on Missing Persons), responsável pela comparação genética.
Com a retomada dos recursos, iniciou-se a etapa de “reassociação”. O trabalho é para identificar os ossos misturados entre os restos mortais analisados. Segundo Edson Teles, 26% das 1.049 caixas catalogadas contêm ossos de diferentes indivíduos. “Essa fase, que deve se encerrar em agosto, inclui a seleção de amostras viáveis para extração de DNA e envio ao ICMP”, explica.
noticia por : UOL