Nesse jogo de aceleração dos preços do café, o cafezinho da padaria é o que ainda terá alta mais acentuada nos próximos meses, uma vez que ele sempre vem com uma defasagem maior nos reajustes.
Que o café sobe e se constitui em uma das principais altas na alimentação não é novidade para o consumidor, em vista do que vem ocorrendo com produção e consumo.
Os aumentos estão mais salgados no campo, onde a saca de café arábica acumula alta de 135% nos últimos 12 meses. O café em pó subiu 52% nos supermercados nesse mesmo período, e o cafezinho ficou 15,4% mais caro nas padarias e bares.
No início de 2024, quando a saca de café apresentava uma queda de 2% no acumulado de 12 meses e o café em pó tinha deflação de 9,6%, o cafezinho ainda se recompunha da alta dos preços provocada por geada e seca nos cafezais brasileiros, e subia 5,8% no acumulado de 12 meses.
Neste início de ano, enquanto a saca no campo e o café em pó no supermercado refletem mais rapidamente o movimento de mercado, o cafezinho está com elevação em ritmo bem menor.
O café vive um período de fortes altas e baixas nos últimos anos. Em 2019, os preços do café em pó caíram 8% no varejo, mas voltaram a subir nos três anos seguintes, acumulando 89% de 2019 a 2022.
Em 2023, a bebida volta a cair, ficando 9,1% mais barato no acumulado do ano, mas os preços subiram 43% no ano passado. Com isso, de 2019 a janeiro de 2024, entre baixas e altas, o café em pó acumula elevação de 148% para os consumidores. A alta continua neste início de ano, e os preços acumulam reajuste de 52% nos últimos 12 meses até janeiro.
Os números do campo são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), e os do varejo são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Os dados mais recentes do café não aliviam a situação para o consumidor. A produção mundial acumulada superou 1 bilhão de sacas nas últimas seis safras, mas o consumo vem obtendo evoluções anuais em ritmo maior. Foram consumidos 991 milhões de sacas nesse período.
Folha Mercado
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Pelos dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os estoques médios mundiais de café recuaram 33,4% nas últimas três safras, em relação às três imediatamente anteriores. Em 2025, eles são de apenas 20,9 milhões de sacas, bem abaixo dos 37,5 milhões de 2021.
E as notícias que vêm pela frente não são boas. O Brasil, que alimenta a maior parte do mercado de café no mundo, terá uma produção de apenas 51,8 milhões de sacas neste ano, 4,4% a menos do que em 2024, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
A maior queda ocorre no café arábica, bebida que o país tem a liderança mundial. O recuo será de 12,4%. Já a produção brasileira de café conilon se recupera e sobe 17%. O Vietnã domina esse segmento de café.
Com a queda na produção de café conilon no Vietnã e no Brasil, a participação desse tipo de café no mercado mundial recuou para 32% na safra 2024/25. Era de 36,4% no período 2021/22.
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noticia por : UOL