A Casa Verde foi o bairro paulistano com maior número de furtos de cabos elétricos em 2024. Quase 18% dos casos de toda a cidade de São Paulo foram registrados naquela área da zona norte, de acordo com a Enel. Os bandidos visam o cobre contido nos fios, que são revendidos no mercado paralelo.
A concessionária de energia elétrica celebra, porém, uma redução de 30% no número de furtos em 2024 na capital, na comparação com o ano anterior, e de 17% em toda a região metropolitana atendida pela Enel São Paulo Distribuição.
A empresa relaciona parte da redução à implantação de um novo modelo de tampa no acesso à rede subterrânea que atende 7,1% do sistema, principalmente na região central de São Paulo.
As tampas de ferro estão sendo substituídas pelas de um modelo de concreto, mais pesado, que precisam do auxílio de um guindaste para serem removidas.
Em 2024, houve queda de 62% no número de casos de furtos de fios subterrâneos na comparação com 2023, ano em que começou a troca das tampas. Desde então, a concessionária não registrou nenhuma invasão nas galerias lacradas por esse novo modelo.
À Folha a Enel detalhou que já realizou a troca de cerca de 900 tampas na região central da capital e que a meta é instalar outras 800 tampas nas regiões mais afetadas, que se concentram no centro e nos bairros Bixiga, Higienópolis e Consolação.
A maior parte da cidade, porém, é atendida por fiação aérea, e a Enel diz que tem investido também para supervisionar essa rede.
“São sensores e alarmes para monitoramento remoto, que permitem flagrar a atuação dos infratores. Nos locais mais críticos da área de concessão, a distribuidora também reforça ações de segurança patrimonial, com equipes contratadas fazendo rondas regulares. Caso seja detectado algo incomum, a Enel é acionada e, em algumas situações, até a polícia”, explicou a empresa.
Em 2024, de acordo com a Enel, a Casa Verde foi o bairro com mais casos de furtos, com 1.145, quase tanto quanto toda a cidade de Osasco (1.156), que lidera entre os demais municípios da região metropolitana.
Entre os bairros, depois aparecem o Cursino (852, zona sul), Penha (686, zona leste), Aeroporto (682, zona sul), Vila Prudente (zona leste, 617), Itaquera (488, zona leste), Monte Santo (479, zona leste) e Santana (422, zona norte).
Já entre as demais cidades, a que registrou maior casos de furtos de cabos da Enel foi Osasco, seguida de perto de Santo André (1.000) e, mais distante, de São Bernardo do Campo (522). Juntos, os dois municípios do ABC quase dobraram o número de ocorrências na comparação com 2023. Dos demais, só Carapicuíba (123) teve mais de 100 casos no ano.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo disse que mantém investigações contínuas em estabelecimentos comerciais e armazéns localizados em áreas com histórico de venda desses cabos. “As ações buscam combater crimes como furto e receptação, bem como evitar os danos provocados pelo uso de materiais irregulares”, disse a SSP.
A pasta afirmou ainda que o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil, tem desempenhado um papel fundamental nesse combate, realizando ações frequentes para desmantelar redes criminosas envolvidas com a comercialização desses materiais. Em 2024, o órgão apreendeu 87,7 toneladas de cabos e fios de cobre, quantidade seis vezes maior em comparação a 2023, quando foram apreendidas 13,9 toneladas.
A Enel diz que o cobre só é atrativo porque têm apelo para revenda no mercado informal e que, para combater essa fase do crime, tem mantido uma parceria com o público público e a Polícia Militar, para identificação de estabelecimentos que compram material sem garantia de origem.
noticia por : UOL