É que o assunto com certeza será usado daqui até o ano que vem para tentar desqualificar adversários eleitorais. A direita, por sua vez, também tem importantes decisões a tomar a partir da denúncia de Paulo Gonet, especialmente mostrar o tempo de duração do apoio a Jair Bolsonaro.
“Considerando que é 100% garantido que o ex-presidente vai ser condenado, até porque o Supremo Tribunal Federal inegavelmente é julgador, mas também se percebe como vítima dentro desse processo, a direita vai ter que se posicionar até onde vai seu apoio a Bolsonaro, até onde vão as críticas ao STF, até onde eles vão na aprovação de uma anistia e até onde eles vão na defesa do ex-presidente. Eles vão fazer como o PT fez na ocasião que Lula foi preso, vão para cadeia junto com o ex-presidente?”, indaga o cientista político Leonardo Barreto, da consultoria Think Policy.
Para o analista, a denúncia apresentada esta semana coloca o debate sobre a culpa ou não de Bolsonaro no debate político e, a partir daí, os grupos traçam suas estratégias. “A fala do presidente Lula sobre esse tema é sintomática. Ele disse que se eles forem inocentados de tentarem matar o presidente, o vice e o ministro, talvez possam ficar livres. Lula busca pontuar o seu papel de vítima no processo.”
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“Tudo isso com o objetivo de renovar uma percepção na população de que as forças que ameaçaram a democracia no 8 de janeiro continuam ativas, são perigosas e precisam ser derrotadas de novo em 2026. Não há dúvida de que essa será a narrativa da esquerda, e, se for possível, grudar a pecha de não-democráticos também em políticos oposicionistas que não estão envolvidos com os eventos de 8 de janeiro”, analisa Barreto.
noticia por : UOL