O líder do PT na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Paulo Fiorilo, acionou o Conselho de Ética da Casa contra o deputado Capitão Telhada (PP). Ele pede que o órgão apure se o parlamentar bolsonarista infringiu normas regimentais ao homenagear um homem condenado por estupro.
O médico Milton Seigi Hayashi foi condecorado no dia 27 de março com a Medalha Cinquentenário das Forças de Paz do Brasil. A honraria foi concedida pela Associação Brasileira das Forças Internacionais da Paz da ONU (Abfip/Onu). A sessão solene foi proposta e presidida por Telhada.
Hayashi foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), em junho de 2024, a 16 anos e 4 meses de reclusão pelo crime de estupro de vulnerável. O caso ocorreu em 2022. O médico está recorrendo no Superior Tribunal de Justiça.
Em nota enviada à coluna, Tedalha afirmou que ainda não foi comunicado sobre qualquer processo no Conselho de Ética e “se manifestará no momento oportuno”. Também disse que seu gabinete não teve participação na escolha dos homenageados e que não tinha conhecimento sobre a condenação de um dos agraciados.
“Trata-se, mais uma vez, de uma tentativa do PT de criar alarde e desviar o foco, já que não apresenta trabalho de verdade pela população”, diz a nota.
Para o líder do PT na Alesp, o caso “macula a imagem da instituição”. Ele cita a responsabilidade ética de preservar o prestígio e o decoro da Alesp.
Também solicita a abertura de processo disciplinar contra o deputado do PP, que pode resultar em perda de mandato caso a infração seja confirmada.
“O evento ocorreu sob chancela oficial da Assembleia, com ampla publicidade e exposição institucional. A atuação direta do parlamentar, como proponente, condutor e entregador da medalha, atribuiu-lhe responsabilidade política pela repercussão do episódio”, diz o documento protocolado por Fiorilo.
A defesa do médico afirma que a condecoração não se relaciona com o processo que ele responde. Hayashi recebeu a homenagem por realizar cirurgias gratuitas de correção de orelha de abano em pessoas sem condições de arcar com o procedimento.
“O processo não está transitado em julgado, está em grau de recurso, e pretendemos provar a inocência”, diz o advogado Elber Carvalho de Souza.
A Abfip diz que tomou conhecimento da condenação através da imprensa e que será instaurado procedimento interno para apuração dos fatos e possível cassação da outorga.
“O médico foi indicado após análise de documentos, informações prestadas pelo médico e notícias encontradas em redes sociais, bem como referências apresentadas pelos seus 25 anos de serviços prestados como médico, não se tendo conhecimento do processo criminal informado”, diz a nota.
A assessoria de imprensa da Alesp diz que o evento é de inteira responsabilidade da Abfip e que tal honraria não está entre as listadas como oficiais do Parlamento paulista.
“O espaço foi solicitado pelo gabinete do deputado Capitão Telhada (PP) para a realização deste ato solene e a instituição Alesp, por sua vez, apenas cede o local”, diz.
com KARINA MATIAS, LAURA INTRIERI e MANOELLA SMITH
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noticia por : UOL