Apesar de cinco enfermeiros e dois técnicos de enfermagem lançarem seus nomes para disputarem uma vaga na Câmara de Cuiabá, a representante maior da categoria não os apoia. Eleita presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT) no fim de 2023, Bruna Santiago decidiu apoiar o médico Daoud Mohd Khamis Jaber Abdallah (União), que usa o nome de campanha como “Dr. Daúde”.
Os representantes da categoria que pleiteiam o cargo de vereador trabalham nas mais variadas esferas da saúde. Alguns estão na Saúde Pública, outros na privada e até há quem usa da profissão para empreender.
Porém, a defesa das pautas da enfermagem por quem representa e vive o dia a dia do drama e necessidades da categoria não é bem avaliada pela presidente do Coren-MT. Bruna Santiago escolheu apoiar um médico, que também é empresário e possui diversos contratos com o poder público, tanto em Mato Grosso como em São Paulo.
No último domingo (25), ela participou de uma reunião de alguns profissionais da enfermagem para manifestar apoio ao médico. A reunião foi postada pelo próprio candidato do União nas redes sociais. “Hoje tivemos uma importante reunião com manifestação de apoio dos amigos profissionais da enfermagem”, escreveu o candidato.
Os contratos que as empresas de Daoud possuem com o poder público preveem o atendimento às Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais, incluindo a mão de obra de médicos e enfermeiros. Diversos profissionais, inclusive, reclamam da precariedade nos contratos de trabalho com a empresa terceirizada. “Dr. Daúde” também já foi diretor da Organização Goiana de Terapia Intensiva.
Na última semana, o juiz João Filho de Almeida Portela, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, agendou para fevereiro de 2025 audiência de instrução e julgamento com o médico e candidato a vereador. De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), o médico é suspeito de fraudar um processo licitatório realizado na Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso (SES), no ano de 2022.
Conforme denúncia apresentada pelo MPE, o “Dr. Daúde” teria declarado falsamente que se enquadrava nos limites de faturamentos previstos no artigo 3º da Lei Complementar nº 123/2006, que trata da definição de microempresas e de empresas de pequeno porte. Além disso, o médico teria apresentado estar apto a usufruir do tratamento estabelecido nos artigos 42 a 49 da mesma lei, que fala sobre a participação em certames licitatórios.
Além de não apoiar um candidato da categoria que representa, Bruna Santiago comete ato de infidelidade partidária. Filiada ao PSD, chegou a articular uma candidatura à Câmara de Cuiabá. Ao recuar do projeto político, ignorou até mesmo candidatos de seu partido para apoiar um nome da coligação adversária. O PSD está na coligação de apoio a Lúdio Cabral (PT).
Fonte: FOLHAMAX