Josemara Lima é mãe da Sophia Lima, de cinco anos. Ela conta que a amamentação nem sempre foi fácil, já que os primeiros dias foram dolorosos em razão da pega incorreta da sua bebê e feridas no seio. No entanto, sua história mudou ao buscar socorro em um dos bancos de leite humano da Capital, que funciona sob a coordenação da SES.
“A equipe do banco de leite me ajudou e fez com que eu conseguisse passar dessa dificuldade inicial da amamentação para amamentar minha filha até os três anos. Esse auxílio fez total diferença na minha vida, porque contei com um olhar de acolhimento e pude lidar com meus medos e inseguranças. Aprendi todo o manejo para uma alimentação adequada da minha filha. Melhorei com a pega, o posicionamento do bebê e já não sentia mais dor”, relata a mãe.
A partir dessa experiência, Josemara decidiu compartilhar sua vivência com outras mães e, em 2021, fundou o Grupo de Apoio Supermães, que hoje tem 200 voluntárias. “Todo meu drama inicial e sucesso na amamentação me inspirou a ajudar outras mulheres e criamos o grupo no sentido de ajudar as mães que passam por essa dificuldade”, diz Josemara.
Além de ver sua vida melhorar a partir da amamentação com uma pega correta, Josemara também percebeu que o leite materno fortalecia ainda mais Sophia, que dificilmente teve viroses, como resfriados e diarreias. “Nos dois primeiros meses, ela teve um quadro de diarreia e nunca teve casos virais graves. Quando ela tinha algum tipo de resfriado, o próprio leite materno fazia a defesa dela, então eu não precisava entrar com medicamento. Minha filha desenvolveu, cresceu e ganhou peso”, celebra Josemara.
O nutricionista e integrante da equipe de Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável da SES, Rodrigo Carvalho, ressalta que os benefícios do leite humano na vida da Sophia são cientificamente comprovados. Ele informa que as melhorias são comuns entre as crianças que se alimentam de leite materno nas primeiras horas de vida, mantendo-se de forma exclusiva por seis meses e complementado com outros alimentos até os dois anos de idade ou mais.
“Entre os bons resultados, está a prevenção de anemias, o fortalecimento do sistema imunológico, a redução da chance de desenvolver obesidade e a contribuição para o desenvolvimento cognitivo dos bebês”, pontua o gestor.
O crescimento saudável também é percebido nas filhas de Anna Lauren Bennett, as pequenas Emilly Bennett, de quatro anos, que mamou leite materno até os três anos, e Alice Bennet, de um ano, que se alimenta de leite materno e alimentos complementares. Diferente de Josemara, Lauren teve uma amamentação mais tranquila, mas nem por isso ela deixou de auxiliar as outras mães que precisam de apoio.
“Penso que tenho muita sorte porque depois de conhecer tantas mães com problemas descobri que a amamentação é diferente para cada mulher. Eu achava que era natural e fácil, mas a gente percebe que não é fácil e precisamos sempre de uma rede de apoio”, entende Anna.
Anna já doou leite materno diversas vezes e precisou parar, mas na sexta-feira (19.05) ela vai visitar o banco de leite do Hospital Femina para receber orientações se pode voltar a doar. “Eu reduzi o número de mamadas da minha filha e, consequentemente, meu leite também reduziu, então eu preciso ver se essa quantidade que tenho é suficiente para meu bebê e para doação, nem que seja um pouco, porque a doação ajuda a salvar muitos prematuros das UTI”, compreende a mãe.
Para Crislaine Xavier, mãe de Manuel Xavier, de cinco anos, o que dificulta o aleitamento materno e a doação de leite humano é a escassez de informação sobre o assunto. “Alimentei meu filho por demanda livre na amamentação. Ele não tomou fórmula, mas muitas mães dão fórmula para seus filhos pela falta de informação ou por informação distorcida”, diz Crislaine.
Sobre a Semana
Durante a abertura oficial da II Semana Mato-grossense de Doação de Leite Humano, a coordenadora de Promoção e Humanização da Saúde da SES, Rosiene Pires, falou sobre ambientes saudáveis para promoção da saúde. “Trabalhamos com o empoderamento das mulheres para possibilidades de ambientes saudáveis para elas e seus bebês. Esse empoderamento surge por meio de informação e nosso desafio é desmistificar esse tema, pois a substituição do leite materno causa consequências muitas das vezes irreversíveis à saúde humana”.
Ainda no evento, a coordenadora de Gestão da Atenção Primária da SES, Regina Paula de Amorim, fez uma apresentação sobre a organização da rede de Atenção à Saúde. Também palestraram na abertura oficial, Josemara Lima, que discutiu o apoio e a mobilização social, e Mariane Alves, da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que liderou a roda de conversa sobre a temática.
Ao fim do encontro foi realizada a entrega de 635 frascos de vidro da campanha “Doe frascos, leve vida e cultive esperança”. Os recipientes vieram de vários municípios do Estado e foram entregues para os bancos de leite armazenarem leite doado.
Programação
Nesta quarta-feira (17.05), ocorreu no período matutino uma visita guiada e roda de conversa no Banco de Leite Humano do Hospital Geral de Cuiabá. Na sexta-feira (19.05), Dia D de Doação, as pessoas que amamentam, e se inscreveram na programação, participarão de visitas nos Bancos de Leite Humano do Hospital Universitário Júlio Müller e do Hospital Geral de Cuiabá, além dos postos de Coleta de Leite Humano do Hospital Beneficente Santa Helena e do Femina Hospital e Maternidade.
Apoiam o evento a Rede Global de Bancos de Leite Humano, o Hospital Geral de Cuiabá, Hospital Universitário Júlio Müller, Hospital Beneficente Santa Helena, Hospital e Maternidade Femina, Grupo de Apoio Supermães, Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Cuiabá, Associação de Doulas de Mato Grosso e o Grupo Bem Gerar.
Como ser doadora
Rodrigo explica que podem ser doadoras as pessoas que estiverem amamentando e produzem qualquer quantidade de leite para além do que o seu bebê necessita. A pessoa doadora precisa estar saudável e não estar fazendo uso de nenhum medicamento contraindicado para o período de amamentação.
Ao atender esses critérios, a pessoa pode se cadastrar em uma das seis unidades de coleta de leite humano distribuídas nos municípios de Cuiabá, no Hospital Geral, Universitário Júlio Muller, Hospital e Maternidade Femina e Hospital Santa Helena. Em Rondonópolis, na Santa Casa de Misericórdia, e em Tangará da Serra, no Hospital Santa Ângela.