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Cuiaba - MT / 28 de fevereiro de 2025 - 14:11

Novo estudo mostra que número de cristãos parou de diminuir nos EUA 

Durante anos, a trajetória da religião nos Estados Unidos parecia previsível: o número de pessoas religiosas declinaria progressivamente até que os descrentes se tornaram o grupo majoritário. 

Mas um novo estudo, divulgado nesta quarta (26), mostra que essa tendência parece ter mudado. 

Segundo o novo Religious Landscape Study (Estudo do Panorama Religioso), do Pew Research Center, 62% dos americanos se identificam como cristãos. O número é o mesmo de 2019, e tem se mantido praticamente estável nos levantamentos anuais de lá para cá.  

O levantamento, que entrevistou 36.908 pessoas entre 2023 e 2024, é o mais importante do tipo nos EUA — onde o Censo não inclui perguntas sobre a filiação religiosa.

Os detalhes do estudo 

Em 2007, 78% dos americanos se identificavam como cristãos. Em 2014, eram 71%. Se a trajetória descendente tivesse se mantido, o número estaria por volta de 50% agora. 

Mas, na virada da década atual, a tendência parou. O número de cristãos na população dos EUA tem oscilado entre 62% e 64% desde 2019.

Atualmente, 40% dos americanos são protestantes, 19% são católicos, 2% são mórmons e 1% são cristãos ortodoxos. 

Segundo o novo estudo do Pew Research Center, um terço dos americanos afirma ir a um templo religioso pelo menos uma vez por mês, e 44% dos dizem orar diariamente. Esses indicadores também se mantiveram praticamente inalterados desde o início da década. 

De forma geral, o número de religiosos não-cristãos passou de 4,7% em 2007 para 7,1% agora. O maior crescimento foi o da população muçulmana, cujo percentual triplicou desde 2007. Agora, eles são 1,2% da população. 

A estagnação na tendência de queda no número de cristãos não parece ter a ver com a chegada de estrangeiros aos EUA.

O estudo do Pew Research Center entrevistou imigrantes que vivem no território americano e descobriu que, nesse grupo, o número de cristãos é ligeiramente menor que na média nacional: 58% dos imigrantes são cristãos, 14% têm outras religiões e 26% não pertencem a uma religião. 

Crença em Deus é majoritária 

Qual a porcentagem de americanos que acreditam em Deus? 

Mesmo quando se deixam de lado os rótulos religiosos, a resposta a essa pergunta é complexa.  

O estudo mostra que 86% dos americanos acreditam na existência da alma, 83%, em Deus ou um “espírito universal’ e 70% acreditam em vida após a morte.  

As pessoas não religiosas são 29% da população. Mas este grupo é dividido entre ateus (5% dos americanos), agnósticos (6%) e os que afirmam simplesmente não ser “nada específico” (19%). 

Os números são apresentados sem as casas decimais, e por isso a soma das categorias pode estar ligeiramente acima ou abaixo dos 100%. 

Número de cristãos nos EUA varia por estado 

Se a tendência geral é de estabilidade, no nível regional as mudanças são mais visíveis.  

O estado americano menos religioso é New Hampshire, onde as pessoas sem filiação religiosa (48%) já são mais numerosas que os cristãos (45%). Em 2007, 64% dos moradores do estado eram cristãos. Em 2007, eram 59%. 

Já no Arkansas e na Dakota do Sul, 79% da população se identifica como cristã — exatamente o mesmo índice medido nos dois estados em 2014. São os estados mais religiosos do país. 

O estudo também mediu o perfil religioso das metrópoles americanas e descobriu que a queda na religiosidade foi menor em algumas das cidades mais progressistas. Na região metropolitana de Nova York, por exemplo, os cristãos ainda são maioria (57%). Eles eram 59% em 2014. Lá, os ateus (5%) são tão numerosos quanto na média nacional. 

Mesmo na ultraliberal San Francisco, o número de cristãos pouco mudou em uma década (passou de 48% para 46%) 

Ao mesmo tempo, metrópoles em estados mais conservadores tiveram uma queda mais acentuada. A região de Dallas, no Texas, viu o percentual de cristãos passar de 78% para 63% desde 2014. Na área de Miami, o número caiu de 68% para 59%. Em Atlanta, a redução foi de 76% para 64%.

Diferença de gerações 

O estudo do Pew Research Center mostra uma grande disparidade entre as gerações: qualquer que seja o critério, os americanos mais jovens são menos religiosos. 

Ao mesmo tempo, essa diferença parou de crescer.

O levantamento afirma que os americanos nascidos entre 2000 e 2006 “têm a mesma probabilidade que aqueles nascidos na década de 1990 (agora com idades entre 24 e 34 anos) de se identificarem como cristãos, de dizerem que a religião é muito importante em suas vidas e de relatarem que frequentam serviços religiosos pelo menos uma vez por mês”.

Ainda assim, se nada mudar, o nível médio de religiosidade nos EUA deve cair gradativamente, conforme a geração mais idosa (e, hoje, mais religiosa), desaparecer. Para que os níveis permaneçam os atuais, os mais jovens terão de se tornar mais religiosos com o tempo. É possível. Dentre os americanos nascidos entre 2000 e 2006, o número dos que se identificam como cristãos passou de 45% para 51% entre 2023 e 2024.

Apoio ao casamento gay caiu 

A tendência de estabilização no nível de religiosidade dos americanos acompanha outros sinais de que o país parou de marchar rumo ao secularismo — ou até mesmo se tornou um pouco mais tradicional. 

Por exemplo: embora continue elevado, o apoio o casamento entre pessoas do mesmo sexo oscilou de 68% em 2018 para 64% em 2021 e 67% em 2022.  

Nesse caso, a mudança é mais visível justamente nos cristãos mais jovens (entre os 18 e os 39 anos). 

Dentre os católicos nessa faixa etária, o índice passou de 84% em 2018 para 70% em 2022. A queda foi semelhante entre os jovens de igrejas protestantes tradicionais (de 90% para 75%), e mais modesta entre os jovens evangélicos, que tendem a ser mais conservadores (de 55% para 47%). 

Os dados foram compilados por Ryan Burge, um dos principais especialistas sobre a demografia religiosa dos Estados Unidos. 

noticia por : Gazeta do Povo

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