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Cuiaba - MT / 27 de janeiro de 2025 - 23:41

O penteado mais famoso da internet pode estar te deixando calva

A tendência do penteado puxado para trás com gel não é novidade e existem dezenas de tutoriais de como fazê-lo na internet. Celebridades como Zoë Kravitz, Hailey Bieber, Gigi Hadid, Sofia Richie e influenciadoras brasileiras como Lívia Nunes adotaram o “slick bun”, o coque liso, em tapetes vermelhos e eventos de moda. O problema é que, a longo prazo, a tração causada por esse penteado pode afinar e causar a queda dos fios do cabelo.

A influenciadora norte-americana Ashley LaMarca se popularizou no aplicativo TikTok pelos vídeos no estilo “arrume-se comigo”, mostrando tutoriais para cabelos ondulados, escova caseira e, claro, o famoso rabo puxado para trás. Hoje ela acumula 2 milhões de seguidores e mais de 130 milhões de curtidas na plataforma.

Adepta do penteado desde 2022, Ashley percebeu que estava ficando com falhas na parte da frente do couro cabeludo. “Meu cabelo está desaparecendo aqui, acho que estou ficando careca”, diz em um vídeo de março de 2024. Mesmo consciente desse dano e ampliando os cuidados com os fios, ela não abandonou a prática, usando maquiagem para cobrir as falhas frontais.

O que causa a perda do cabelo?

Isso acontece porque a força desse tipo de penteado pode causar a chamada alopecia de tração, que é a queda de cabelo causada por uma tração frequente e excessiva, o que deixa os fios mais frágeis. Mas não é apenas o coque puxado que pode levar a essa condição, mas presilhas, alongamentos, chapinha, tiaras, tranças e escovas secadoras podem tracionar o fio.

“Se aquela tração é repetida no mesmo local, com a mesma intensidade, por um período contínuo, a gente começa a ter uma destruição da haste capilar”, diz Carolina Fechine, médica membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e coordenadora da pós-graduação em tricologia do Hospital Israelita Albert Einstein.

Um exemplo do impacto do uso excessivo de extensões e ferramentas de alisamento é o caso da modelo Naomi Campbell, que teve danos no couro cabeludo decorrente de anos de trabalho no mundo da moda, o que exigia mudanças constantes em sua estética.

“Os alongamentos são uma grande causa de alopecia, o nome completo é alopecia cosmética de tração. A segunda causa é o ato de prender os cabelos”, completa Luciano Barsanti, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia.

Ele explica que o músculo que prende o fio do cabelo ao couro cabeludo é muito fino, e que qualquer tração que puxe esse músculo pode machucá-lo ou até mesmo rompê-lo.

Como identificar os primeiros sinais?

Barsanti diz que quando o fio é tracionado, ele começa a nascer mais fino. “Por isso que muitos pacientes confundem o cabelo fino, atrofiado, com o cabelo novo.” Outro ponto levantado pelo médico é o recuo da linha do cabelo, como dando a sensação de aumento da testa.

Sintomas como dor, coceira e queimação também podem aparecer no início, explica Fechine. É importante atentar para que, se os sintomas não cessarem, procurar um profissional especializado para o diagnóstico da doença.

A alopecia tem cura?

Se a doença for diagnosticada de forma precoce, é possível reverter a situação. “É uma inflamação que, se parar aquela tração, o fio volta a nascer, se recupera, mas em um segundo momento vira uma alopecia cicatricial”, explica Fechine. A alopecia cicatricial é o estágio de dano permanente à raiz do fio, que não volta a crescer.

No caso de Naomi Campbell, ela conseguiu recuperar os fios, mas teve que continuar com os procedimentos capilares dada à sua profissão —como acontece com muitas pessoas. “Mudar também o estilo de penteado é algo que ajuda, porque a gente sabe que o penteado envolve também questões muitas vezes culturais ou étnicas“, pontua a médica. Além de também diminuir a frequência ou o tempo de uso.

Barsanti complementa com dicas de cuidado em casa: tentar utilizar escovas ou pentes de cerdas largas, jamais fazer tração muito forte com a escova ou o pente e não fazer qualquer tipo de fixação do fio com objetos, como elásticos e grampos.

Os produtos usados influenciam a queda?

Luciano Barsanti afirma que o uso excessivo de produtos como géis, fixadores e pomadas não causa alopecia, mas pode prejudicar a estrutura dos fios de cabelo, gerando ressecamento e embaraçamento.

Carolina Fechine também diz que esse uso pode acarretar dermatite seborréica —a caspa— que causa inflamação, vermelhidão, coceira e irritabilidade do couro cabeludo. “O paciente que usa muito produto deve ter uma frequência de lavagem maior e fazer uma limpeza mais profunda”, complementa.

Outros tipos de alopecia

A perda de cabelo em mulheres não é algo incomum. Apesar de ser esperada uma queda natural de 50 a 100 fios diários, a Sociedade Brasileira de Dermatologia estima que 50% das mulheres podem vir a apresentar sinais de calvície ao longo da vida. E isso não acontece apenas por conta da alopecia de tração. Outros tipos da doença surgem por diferentes causas, em diferentes graus.

“A causa mais frequente de calvície na mulher é a alopecia androgenética“, fala Barsanti. “Como o próprio nome diz, ela é causada por um fator genético hereditário, que pode ser advindo da mãe ou do pai.”

Segundo o médico, a segunda causa mais comum de alopecia na mulher são as alterações hormonais, como a síndrome dos ovários micropolicísticos e alterações da glândula tireoide.

O eflúvio telógeno é a queda temporária dos fios devido a algum gatilho, como doenças virais, traumas psicológicos e dietas restritivas. Esse tipo de alopecia é a que acomete as pessoas após a Covid, por exemplo. Existem também alopecias que são causadas por doenças autoimunes, como a chamada areata. Por isso, ao perceber sintomas, é necessária a avaliação de um médico em consulta dermatológica para ter o diagnóstico e tratamento corretos.

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noticia por : UOL

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