Segundo Alcalay, a medida implementada pelo governo Maduro terá consequências além daquelas previstas pelo regime. “Hoje estamos num mundo interdependente, em que a questão de romper relações ou dificultar relações é negar que também há alguns grupos políticos nesses países que se sentem identificados com Maduro, grupos que são de fato minoritários, mas que estão lá. Nesse isolamento, eles também ficarão isolados de potenciais aliados de Maduro”, salienta o ex-embaixador.
“Esse é um tipo de trapalhada que não leva em conta a necessidade. Hoje em dia, vemos países que estão em desacordo entre si e, ainda assim, não limitam a atividade diplomática porque é a maneira de buscar soluções pacíficas. O isolamento prejudicará a Venezuela, não apenas do ponto de vista diplomático e político, mas também do ponto de vista econômico e social”, diz.
Diplomacia holandesa em Curaçao
Alcalay lembra ainda que a medida complicará a situação da Holanda, que exerce a sua representação diplomática em Curaçao – uma das poucas rotas de fuga ou de transporte hoje, já que as linhas que a Europa tinha foram fechadas. “Com essa decisão, a rota de Curaçao, que ajudou ambos os lados a deixar o país, será muito importante. É outra forma de se isolar e demonstrar o verdadeiro caráter de um regime que quer impor suas incondicionalidades aos outros. E nenhum país do mundo aceitará isso: que a Casa Amarela (Chancelaria) venezuelana dite o que deve ser a diplomacia da França, Itália ou Holanda”, reiterou.
O presidente socialista Nicolás Maduro, 62 anos, foi declarado vencedor das eleições presidenciais de julho com 52% dos votos. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), no entanto, não publicou as atas das seções eleitorais, como exige a lei, alegando ser vítima de invasão de computadores.
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noticia por : UOL