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Cuiaba - MT / 6 de fevereiro de 2025 - 19:25

“Se estiver caro, não compre!”: a solução de Lula para a inflação

— Ô, Janja. Jââânjá! Vem jantar, meu bem. Vem que hoje tem picanha — chama Lula pelos corredores do Alvorada.

— Só um minutinho, benhê! Tô aqui terminando uma ligação — grita ela, voltando a falar ao telefone: — Sei………. Ahã……….. Sim, claro!……… Não é possível!………. Um absurdo mesmo!…….. Então tá, a gente vai se falando. Tchau.

Janja se senta à mesa e lá encontra Lula abrindo o apetite com uma dose do que pode ser Biotônico Fontoura, licor de jenipapo ou algum suco fermentado de cana. Vai saber.

— Tem picanha mesmo? — pergunta ela. — Hoje eu tô com fome. Acho que a semaglutida não fez efeito.

— Não tem. Falei só pra te provocar. A picanha tá cara.

— A picanha, o café, a laranja…

— E, se tá caro pra nós, imagina pro povão.

— Pois é… A gente precisa tomar uma providência, Lula.

— Providência não dá. Providência acabou — diz ele.

E para entender essa piada, não tem jeito, você vai ter que clicar no link. Mas vai e volta correndo, hein? Eu espero.

Patuscada

— Aliás, com quem você tava falando? — pergunta Lula. — Por acaso não era com o Silvio Almeida, era?

— Não. Eu tava falando com o Popov, acredita?

— Ah, é? E como é que ele tá?

— Tá bem. Mandou um abraço. Disse que sempre reza por você e que tá com saudade das suas… Como foi que ele disse? Patuscadas.

— Ele falou isso mesmo? Patuscada? O que significa isso?

— Deixa eu ver aqui no DeepSeek. Ah, aqui está: substantivo feminino. Conjunto de pessoas que se reúne para uma festividade, para festejar, beber e comer. Por exemplo: o governo tem gastado milhões em patuscadas.

— Ah, esse Popov. Só pensa em comer. Mas por que você tava falando com ele? Ele não é… inimigo?

— Ordens do Sidônio, né, meu bem? Ele disse que eu preciso estar em evidência e que nossas conversas sempre fazem o maior sucesso na Gazeta do Povo. É a tal coisa: só existe uma coisa pior do que falarem da gente.

— O quê?

— Não falarem.

Bonés

— Uau. Que bonito isso. Essa frase é dele?

— Não, é da Clarice Lispector — responde Janja. Parece, mas ela não está sendo grosseira. Ela realmente acha que a frase é da Clarice Lispector.

— Grande atriz! — diz Lula. — Deveria ganhar um Oscar como a nossa Fernandinha. Sobre o Sidônio… Eu não te disse que ele era um gênio? Bem melhor do que o Felipe Neto.

— Se bem que a ideia do cavalo Caramelo foi boa, vai.

— Foi. Mas o negócio agora é outro. O negócio agora é boné — diz Lula, botando o azulzinho na cabeça.

— Nem me fale! Viu como o Randolfe ficou bonitinho com um desses? Parecia um menininho. E o slogan, então? “O Brasil é dos brasileiros”. Será que foi ideia do Sidônio?

— Também achei que fosse. Soa como frase que um Ministro da Propaganda criaria, né? Mas eu perguntei e ele disse que a frase não é dele, não. É de um tal de Paulo José Gôbeus.

— Taí. O PT bem podia chamar esse tal de Gôbeus pra sua campanha em 2026.

— Verdade. Até porque você vou precisar de um marqueteiro muito bom.

Nosso

— Que nada! Já tá tudo… Deixa pra lá! Me diz o que mais você combinou com o Sidônio, Janja. Fazia tempo que eu não te via assim tão empolgada.

— Ah, um monte de coisa legal! Combinei de gravar um vídeo elogiando a música da Margareth Menezes, por exemplo. Pra dar assim um up no carnaval. E na militância também. O pessoal anda meio borocoxô por causa da vitória do Trump.

— Mas é sério que você vai ter que ouvir aquilo? Axé com consciência social é dureza, hein?

— Ouvi e até já gravei o vídeo. Deve estar rodando lá nas redes sociais fascistas.

— O que a gente não faz pelo poder, né, amor?

— Nem me fale. Eu casei com você… — Janja nem se dá conta do que diz. Lula, animadinho, ri. Mas no fundo ele está se perguntando: “Onde é que eu fui amarrar meu bode?”. Janja continua: — E agora eu vou andar pelo país com os ministros, pra mostrar os resultados do seu governo.

Nosso governo.

— Seu, nosso. Tanto faz. Tudo o que é meu é seu, amor — diz ela.

— Mas o que é que você vai mostrar de bom? Vai mostrar o que a gente tá fazendo pra conter a criminalidade? Vai mostrar a defesa da democracia? Vai mostrar nossa maravilhosa diplomacia?

— Você sabe que sou exibida. Vou mostrar tudo o que der pra mostrar. E mais um pouco.

— Só não mostra a inflação, meu bem.

Deixa comigo

— Por quê? Você acha que eu não entendo nada de economia? Só porque eu sou mulher?

— Não é isso, meu chuchuzinho. É que o Sidônio falou pra deixar a inflação comigo.

— Tá bom. Se o Sidônio falou, tá falado. Mas o que você vai fazer quanto a essa tal de inflação? É um problemão, hein? Vai pedir pro Pochmann mudar umas vírgulas de lugar? Vai pedir pro Haddad cortar gastos?

— Primeiro que eu não peço, Janja. Eu mando. Afinal, ainda sou o presidente desta joça. Mas, respondendo à sua pergunta, não e não. Vou gravar um vídeo.

— Tipo aquele do Nikolas sobre o Pix?

— Que nada! Muito melhor. Vou gravar um vídeo pedindo a ajuda… do povo.

— Faz isso! Você é bom nessas coisas! E o povo já tá fu—

— Ei, ei. Lembre-se de que este é um jornal de família.

— Verdade. O povo já tá piiiiiiiiiiiii mesmo. Um sacrifício a mais ou a menos não vai fazer diferença. No mais, eles te amam.

— Foi o que o Sidônio disse.

— O Sidônio, as pesquisas, a imprensa…

— Tá, mas… O que você vai dizer nesse vídeo aí? Tô curiosa.

— Olha só que genial. Vou falar pro povo não comprar comida quando a comida estiver cara. Assim, os comerciantes vão ser obrigados a baixar os preços e a inflação vai diminuir.

(Se este texto fosse um desenho animado, neste momento uma lâmpada se acenderia sobre a cabeça de Lula).

— É por isso que eu te amo, Lula! Você sempre tem uma solução simples para os problemas mais complicados. Quer saber? Vou ligar pro Popov agora mesmo e pedir pra ele escrever sobre isso. Vai ser um sucesso!

— Vai, sim. Claro que vai. Como tudo em que a gente mete a mão — diz Lula.

noticia por : Gazeta do Povo

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