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Cuiaba - MT / 8 de janeiro de 2025 - 9:57

Segurança pública em SP virou palanque eleitoral e perdeu gestão técnica, diz professor da FGV

A crise na segurança pública de São Paulo é resultado de uma gestão que priorizou o marketing político em detrimento de soluções técnicas, avalia Rafael Alcadipani, professor da FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em entrevista à coluna, ele aponta que a escolha de Guilherme Derrite para a Secretaria de Segurança Pública é a “representação mais forte do bolsonarismo” no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos)

“Derrite mostrou um sinal de uma subcultura de polícia truculenta, que passa para a tropa, e rompeu o diálogo que a secretaria tinha de forma mais equilibrada com movimentos sociais, sociedade civil e acadêmicos”, diz.

O total de inquéritos envolvendo policiais militares que chegaram ao Tribunal de Justiça Militar aumentou 80% em 2023, primeiro ano da gestão Tarcísio —foram 332 investigações contra 185 em 2022, último ano do governo João Doria e Rodrigo Garcia (PSDB).

Para Alcadipani, a segurança virou palco da disputa ideológica no país, com “governo federal remando para um lado e governos estaduais para outro”.

“Os gestores têm visão pouco profissional, focada em soluções policialescas, sem considerar questões como ordenamento urbano”, critica.

Ele cita a Operação Escudo como exemplo. A ação no litoral paulista, que resultou em 28 mortes, foi desencadeada após a morte do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota, em julho de 2023, e se tornou marca da gestão Tarcísio.

O professor aponta que a pressão pública tem influenciado mudanças de postura do governador. Tarcísio, que criticava as câmeras corporais antes de assumir, admitiu estar “completamente errado” após a crise de violência policial.

“Ele tenta responder à repercussão negativa. É bom que tenha visão mais ponderada e fale em ouvir especialistas, mas precisamos ver mudanças concretas”, afirma Alcadipani.

O especialista afirma que agentes das polícias também sofrem consequências da má gestão, sendo submetidos a condições inadequadas de trabalho.

“A questão do suicídio policial não tem tido o enfrentamento adequado. Ele trabalha 60 horas por semana, é submetido a situações insalubres. Temos pouca ação prática da melhoria de vida do agente.”

A criação de uma “ouvidoria paralela“, subordinada ao secretário Derrite, também preocupa. Parlamentares do PT e PSOL acionaram a Justiça pedindo a suspensão do novo órgão, anunciado em novembro. A Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP) criticou a medida.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz que a nova ouvidoria “terá atuação independente e estará relacionada à qualidade e aprimoramento dos serviços prestados pela secretaria, com exceção das ocorrências policiais que violem os direitos humanos”.

“É lamentável. Já temos uma ouvidoria que precisa ter sua independência fortalecida. Criar outra em competição não faz sentido”, diz o professor.

NOITE ELETRÔNICA

Os empresários André Sada e Doreni Caramori, fundadores e sócios da Posh Club, receberam convidados para uma festa na casa noturna em Jurerê Internacional, Florianópolis, na semana passada. Os DJs Jack-E e Paulo Velloso, Steve Angello e Ashibah compareceram.

com KARINA MATIAS, LAURA INTRIERI e MANOELLA SMITH


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noticia por : UOL

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