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Cuiaba - MT / 17 de março de 2025 - 14:27

Lula defende Amazônia, mas cedeu em questões ambientais importantes, aponta especialista francês

No entanto, o especialista explica que, apesar disso, a Amazônia não foi salva. “Embora o desmatamento esteja diminuindo, 2024 foi marcado por um grande número de incêndios florestais resultantes de uma seca histórica ligada ao aquecimento global“, contextualiza, lembrando que trata-se de um fenômeno mundial e que “a Amazônia pode ser afetada pelos efeitos da poluição emitida no outro extremo do planeta”.

Lula foi obrigado a frear suas ambições

Além disso, o pesquisador frisa que a prioridade de Lula sempre foi desenvolver a economia do país e melhorar a situação dos trabalhadores por meio da redistribuição de riquezas. E, por essa razão, tanto para o presidente como para o Partido dos Trabalhadores (PT), “a ecologia foi um assunto secundário por muito tempo”.  

Le Tourneau lembra que desde que começou o segundo mandato, o chefe de Estado cuidou do agronegócio, apoiou a exploração de petróleo e a construção de infraestruturas criticada pelos ambientalistas. “Lula não governa sozinho; ele tem de lidar com um Congresso conservador que é hostil ao meio ambiente, e tem de ser conciliador em algumas questões para conquistar outras, como as questões sociais”, explica.

Sem esquecer, ressalta o geógrafo, a luta contra o garimpo ilegal, que o presidente não conseguiu vencer totalmente, ainda ou a questão indígena, que continua preocupando. “Lula registrou apenas 13 territórios indígenas desde que chegou ao poder. Alguns povos, como os Yanomami no norte da Amazônia, estão sofrendo uma terrível crise humanitária“, denuncia, e os ataques contra os povos originários explodiram, com centenas de assassinados em 2023. “Mais uma vez, Lula foi forçado a frear suas ambições”, analise Le Tourneau, que espera muito da COP em Belém, um evento que deve “colocar o destino da floresta tropical em primeiro plano”.

“Lula está se apresentando como o campeão da proteção dessa região, o que lhe permite se beneficiar do poder simbólico da floresta amazônica no mundo ocidental”, aponta o geógrafo. “Mas não devemos nos deixar enganar: as ações de Lula em favor da Amazônia não devem mascarar o fato de que ele cedeu em outras questões ambientais, como o intenso desmatamento do vasto ecossistema do Cerrado pelo agronegócio”, resume François-Michel Le Tourneau nas páginas do jornal Le Monde.

noticia por : UOL

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